terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Daniela Aragão-- canta e encanta...


“Ame”. Daniela pede licença. “Mas não leve a sério”. A voz exala poesia. “ Pense mais de uma vez”. O pensamento se plasma na reflexão. “Quando quiser entregar/ o seu coração”... É apenas a primeira faixa na voz tersa desta juizforana em seu álbum de estréia: DANIELA ARAGÃO-Face A Sueli Costa- FaceB Cacaso.
Unindo talento, inteligência e bom gosto, a santíssima trindade de uma boa cultura, tão rara nos tempos modernos, borbulha e transborda no papel desta mineira de juiz de fora e agora benzida por Cataguases nas mãos de nosso poeta ímpar Ronaldo Werneck.
Falemos um pouco sobre a trajetória desta artista: Mestre em Literatura onde defendeu dissertação sobre o poeta marginal Antônio Carlos de Brito, o Cacaso, foi além de uma pesquisa sobre o poeta e compositor , parceiro da artista Sueli Costa. De repente, como coisa do sobrenatural, temos o xamã Daniela Aragão incorporando estes dois ícones da cultura tupiniquim.
O álbum é todo poesia. Na segunda faixa somos blindados com “Amor amor”, que vale a pena ser citado integralmente:

Amor amor ( Sueli Costa e cacaso)

Quando o mar,
Quando o mar tem mais segredo,
Não é quando ele se agita,
Nem é quando é tempestade,
Nem é quando é ventania,
Quando o mar tem mais segredo
É quando é calmaria.
Quando o amor,
Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Nem é quando ele se ausenta
Nem é quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é sincero.

A nostalgia á um passaporte para o que se pondera para a posteridade. É assim na faixa seguinte com “Cinema Antigo”: “ Se eu pudesse escolher o seu desejo/ eu queria renascer no seu amor”.
A impassibilidade da personalidade prostam-se em “ as Labaredas”, a quarta faixa: “ As labaredas do bem/ as labaredas do mal/ eu só tiro a fantasia/ no dia do carnaval. Em seguida “ Dentro de mim mora um anjo” recebe-nos com tons melódicos como: Quem me vê assim cantando/ não sabe nada de mim/ dentro de mim mora um anjo” Anjo este marginal como o brio do Cacaso, que vence o mal gosto perpetuado em nossas emissoras de rádio sobreviventes às custas dos jabás das grandes gravadoras.
Depois somos blindados com “ poeira e maresia”: “Se vem, da terra é poeira/ se vem do mar maresia/ eu te perdi juventude em busca da poesia”, uma busca no ofício de vencer o mesmismo das coisas. Já viste transformação sem ousadia?
“ Senhora de si” traz liras entonadas como:” Eu já não tenho ilusão/ já não tenho canção/ se você não cantar”. “Face a face” nos lega versos populares sem perder a maestria de quem literalmente dominava as palavras.”’ “ Dona Doninha” nos convida para um passeio nostálgico e enfim “Agradecer” onde a cantora se despede, sem deixar de merecer nossos aclamados aplausos e a certeza de que ainda existe vida inteligente nesta galáxia.
Daniela Aragão face A Sueli Costa- Face B Cacaso é tudo isto e mais poesia. Poesia na letra. Poesia na voz.

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